Meu Amor

O relógio despertou-me às 05:30 da manhã, o dia  deslizava lentamente debaixo do manto negro com que se cobrira de noite, o vento soprava nas folhas dos arbustos que circundam o quintal que fica por baixo da minha janela enquanto que uma chuva miudinha  borrifa o dia que vai acordando.


Levantei-me e espreitei pela janela, onde avistei o silêncio a afastar-se e já bem longe, deixando para trás o latir dum cão e um motor dum carro que por ali passava.


Depois debrucei-me para lá dessa janela e entrei no meu imaginário para ver nascer o sol nesse dia de céu cinzento, ao som da música tocada pelo vento beijando as folhas das flores e das rosas, perfumando o ar que envolve esse meu mundo, onde guardo todos os tesouros e riquezas que me fazem voar no tempo e sonhar as lembranças do passado.


Ontem o dia homenageou as mães e eu não pude abraçar-te, mas lembrei-me de ti do que foste e de tudo o que as tuas lembranças representam para mim, da saudade que sinto, mesmo que o tempo ao envelhecer-me me vá afastando cada vez mais de ti, no meu coração viverás para sempre, minha querida Mãe.


A gata trouxe-me de volta à realidade, ao lamber-me a lágrima que me caia pelo rosto, nesse momento de nostalgia ao lembrar-me de ti, de nós e desses tempos, o dia bem acordado, o ruído instalado e o sol espreitando por entre as nuvens negras  que parecem querer precipitar-se  a qualquer momento, fez-me fechar a janela e regressar ao presente porque o relógio não para e é preciso ir trabalhar.

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