Farim



As palavras, baralham-se de tal forma no meu cérebro que quase não consigo dar-lhes forma e escrever o que tenho para dizer do lugar que visitei.
Aqui diante da folha virtual a olhar para o nada que resta desse tempo que envelheceu e esbateu até perder as cores das coisas que mal consigo recordar.
E talvez, por ouvir  falar tanto deste país e das histórias  que me contaste , tropecei nessas lembranças  e  procurei-te nesse tempo ao visitar esse lugar.
Encontrei, ruinas e escombros dum tempo que se, existiu, quase ninguém sabe contar.
Lembrei-me que, lugares vazios, também acontecem na vida em cujas ruínas, os estilhaços nos marcam o coração de cicatrizes tal como um país ferido pela guerra.
Farim, foi um nome que decorei e encontrei quase exactamente como fora no passado, mas com outras gentes.
De repente lembrei-me que vi fotos tuas, que tiraste quando estiveste aqui e procurei-te em cada recanto e pronto estavas ali diante da mira da minha camara enquanto eu semicerrava os olhos.
Continuamos?- Estremeci ao ouvir aquela voz e fiz rir uns, dentes muitos brancos no rosto negro do homem que me acompanhava pelo lugar.
Depois, sentada no banco traseiro da carrinha que seguiu para Bula, consegui a custo segurar as lagrimas que teimosas pretendiam desrespeitar o meu silêncio e denunciar o meu segredo.
Captei, o brilho dos teus olhos, o teu sorriso e ouvi a tua voz cantando ao som dos acordes saídos dos teus dedos abraçado a tua viola naquele instantâneo fotográfico do meu imaginário
Foi mágico esse momento rebuscado ao tempo em, que se deixa de sonhar e as amarguras qual, erva daninha se emaranharam às ruínas da nossa história abandonada.
Lembrei de ti nesse encontro com o tempo e senti saudade do amor que morreu asfixiado nas garrafas de uísque tornando-te incapaz de fazeres alguém feliz.
Eu não merecia!!...
Gritei em silêncio durante anos e foi o gemido do meu coração, naquele lugar chamado  Farim.

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