Maldita crise

O relógio despertador sintonizado na antena 1, começa a tocar uns minutos antes do noticiário das oito, fazendo-me  acordar envolta numa espécie de paródia humorística , que me faz rir antes de abrir os olhos.


Ora hoje foi assim: O Rei de Espanha acaba de ter alta da clínica, onde esteve internado, por isso avisavam todos os elefantes que permaneçam em casa.

Dei uma gargalhada saborosa, para logo a seguir sentir um aperto do estômago com as noticias a dizerem que tudo está mau e muito, mau e mais mal. Desliguei o rádio, gesto que já se tornou rotina desde que, a crise e Troika se albergou em Portugal.
Depois fiquei a pensar com os meus botões sobre essa grande empresa que se chama crise e os negócios que ela envolve e nos muito milionários que ela tem feito derrapando ali e acolá, tem crescido e ajudado a crescer contas e patrimónios, ganhando causas a quem a denuncia, porque sem lei nem ordem, não há tribunal que a condene pelo simples facto de serem iguais.

E senti pena do Zé-povinho do qual eu sou membro e que para alem de ser obrigado a alojar a crise, ainda a tem que alimentar até que engorde os bolsos da nação e do qual fomos excluídos, quando fomos despejados dos bens adquiridos e conquistados ao longo da nossa vida.
Ferveu-me o conteúdo gástrico no estômago ainda vazio de alimentos e uma espécie de dor apertava-me o peito enquanto preparava o pequeno-almoço e colocava o almoço na lancheira para levar para o trabalho.

Um flash de memória, levou-me por um instante até a casa dos meus pais, no tempo da ditadura que nos obrigava a morar com a opressão , que colocava a todos os portugueses uma mordaça na boca.

Arrepiei-me com essa lembrança e quase me engasguei ao morder o pão, “ pão que o diabo amassou” e que mesmo esse vai faltando na mesa de muitos portugueses e a crise ainda diz que se vai manter por mais tempo.

Decretemos falência a essa empresa corrupta de negócios sujos e vamos acreditar que Deus vai libertar o povo da tirania dessa crise ditadora e terrorista e devolverá a liberdade e os bens agora penhorados. Porque quero acordar sem dor no peito e no estômago.