São Tomé e Príncipe

Por entre as bananeiras, fruteiras e muitas outras árvores de frutos, erguem-se as casas de madeira de varias cores queimadas pelo sol, algumas inacabadas e outras envelhecidas pelo tempo, onde mora a pobreza encoberta pelas cortinas de tecidos ressequidos e desbotados.
Esta visão incomodava-me ao olhar a minha volta e ver luxo do hotel em que eu me hospedara

A janela virada para o mar com a piscina mesmo debaixo do alpendre faziam a paisagem parecer um sonho, em contraste com a outra paisagem retida na minha memória. Com adultos e crianças, descalças e seminuas a correrem curiosos ao som da sirene do carro da policia que seguia na frente do cortejo de carros que nos transportava, acenavam e sorriam para nós ao longo da estrada.

Mães de todas as idades carregavam filhos as costas atados com panos coloridos, no mais puro costume africano, crianças que carregavam outras crianças de quem também já eram mães.
Mas havia um brilho especial no olhar dessa gente, com tão pouco e com tudo o que faz um ser humano realmente humano de verdade, afectos e sorrisos, brilham no rosto daquela gente.


Tocou-me tanta felicidade feita de pequenos nadas, no vazio de tudo o que é bens essenciais.
Senti ferver-me as emoções em turbilhão e transbordarem numa lágrima que me queimou a face e me fez o corpo pulsar num ritmo desesperado de querer ficar ali.
As minhas mãos transpiraram geladas num desassossego frenético, vazio e impotente perante a vontade de me dar aquela gente.

A noite desceu sobre Ilha, mais cedo que em Portugal. Tinha-mos regressado ao hotel a fim de nos refrescar depois duma visita pela ilha, e preparmo-nos para a recepção na embaixada de Portugal.
No átrio do hotel já a escolta policial, que acompanhara no cortejo de carros que nos levaram pela visita a muitos lugares da Ilha e que nos ia transportar de novo, até a Embaixada de Portugal, esparava e as assistentes estavam apostos a fim de que se cumprisse o protocolo.

Desci as escadas até à recepção onde já se agrupavam os representantes das fundações que ali estavam representadas e fui envolvida pelo ambiente de festa que pairava no ar, mesclado de sorrisos e trajes de gala com enfeites multicores.
Os flashes das máquinas fotográficas disparavam em todas as direcções enquanto as câmaras e jornalistas, perseguia algumas figuras conhecidas do mundo televisivo e jornalístico que ali estavam.

O coração a pulsar num ritmo diferente, respirando o ar húmido, sufocadamente quente e desconfortante, por não estar habituada, mesclavam os cheiros fortes e intensamente exóticas que me fizeram esquecer o perfume usar o que levara na bagagem.

O Centro Português de Fundações, em parceria com a Fundação Mãe Santomense, e com o apoio do Grupo Caixa Geral de Depósitos, preparou o 6º Encontro de Fundações dos Países da CPLP. O Encontro teve lugar em São Tomé e Prícinpe, nos dias 16 e 17 de Setembro de 2009, e foi subordinado ao tema «A valorização do factor humano nos processos de desenvolvimento».

· NOVAS TENDENCIAS NA AJUDA AO DESENVOLVIMENTO
· DESENVOLVIMENTO E FACTOR HUMANO
· A CAPITAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL NOS PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO
· APRESENTAÇÃO DO ESTUDO SOBRE OS OBJECTIVOS DO MILÉNIO NOS PAISES DA CPLP
· CULTURA E CRIATIVIDADE NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E HUMANO
· AÇOES DE SEGUIMENTO DO 6º ENCONTRO

Foram dois dias de trabalho intenso, no Palácio doa Congressos São Tomé e Princepe, onde cada uma das fundações ali presentes, procurou aprender e melhorar a sua actuação na ajuda ao desenvolvimento social e humano.

Conheci novas pessoas e encontrei velhos amigos nesse pais distante, visitei lugares e dei colo a crianças que me estenderam os braços carentes de afectos crescendo no meu peito a vontade de ficar.


Mas regressei a Portugal com desejo de voltar.

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